O império da Zara na hora da sucessão

A decisão, histórica, foi conhecida no início de 2011, através da divulgação de um comunicado oficial, onde se anunciava que Pablo Isla, de 47 anos e actual vice-presidente e administrador-delegado, iria sentar-se na cadeira de presidente da Inditex. Tendo entrado para o grupo galego em 2005, Isla é apresentado como um gestor com grande capacidade de trabalho e profundo conhecimento da forma como a Inditex funciona.

Licenciado em Direito, casado e pai de três filhos, o ex-presidente da tabaqueira Altadis nascido em Madrid e adepto do Real não vai deixar de contar com a presença de Ortega ao seu lado. Além de ficar formalmente como administrador não-executivo, aquele que se tornou num dos homens mais ricos do mundo terá sempre uma palavra a dizer, já que controla a maioria do capital, detendo 59 por cento das acções. Não se esperam rupturas, mas antes uma mudança na continuidade.

“O modelo é sólido, quase independentemente dos seus gestores”, realça o professor da IESE, José Luis Nueno. E sublinha que se Ortega achou que estava na altura de mudar a cadeira da presidência foi porque se sente confortável com essa decisão. Enquanto maior accionista, o homem que nunca deu uma entrevista e que apenas deixou que publicassem a sua fotografia em 1999 (dois anos antes da abertura da empresa ao mercado de capitais) garante que, independentemente do cargo que ocupar, a empresa manterá uma política de constantes reinvestimentos. Só em 2010 foram aplicados mais de 700 milhões de euros. Sem recorrer ao endividamento, a Inditex baseia a maior parte do seu crescimento na abertura de novas lojas e na entrada em mais mercados. Uma estratégia que irá ser mantida por Pablo Isla. Após a entrada na Austrália, o próximo mercado será a África do Sul, seguindo-se Taiwan e Peru até ao final deste ano. E Isla quer aumentar a presença na Ásia, com destaque para a China, Japão e Coreia do Sul. Actualmente, Espanha e o resto do mercado europeu ainda têm um peso marcante nas contas do grupo, mas a ideia é diminuir cada vez mais essa preponderância.

No último ano fiscal, Espanha valia 28 por cento das receitas (menos quatro pontos percentuais do que no ano anterior) e o resto da Europa 45 por cento (menos um ponto percentual). Já a Ásia teve um peso de 15 por cento (mais três pontos percentuais) e a América 12 por cento (subindo dois pontos percentuais). E ainda há muito espaço para crescer, seja por novos países, pelo aumento do número de lojas Zara em mercados menos maduros ou através da disseminação das outras marcas da Inditex.

Apesar de só recentemente ter chegado às vendas de roupa online, através da inauguração de lojas virtuais da Zara em seis mercados europeus, Portugal incluído, o grupo também quer acelerar o ritmo deste segmento de negócio. Já alargou o projecto na Europa, e em Setembro de 2011 será a vez dos Estados Unidos, seguidos pelo Japão. Na mesma altura, também a Massimo Dutti, Pull & Bear, Bershka, Stradivarius, Oysho e Uterqüe farão a sua estreia, com lojas virtuais em alguns países europeus. Mais uma vez, a Zara faz de ponta de lança para as outras insígnias do grupo.

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